sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Tribo Zulus


Os Zulus são um povo do sul da África, vivendo em território atualmente correspondentes à África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue e Moçambique. Embora hoje tenham expansão e poder político restritos, os Zulus foram, no passado, uma nação guerreira que resistiu à invasão imperialista britânica e bôere no século XX.
A população de Zulus na África do Sul foi estimada em 44,3 milhões, em 1998, correspondendo a 23,4% da população total do país (“The Economist”). Nos países restantes é estimado em cerca de 400 mil. Moeda usada: rande.
Das nove etnias que formam a população original da África do Sul, os Zulus são o grupo hegemônico. Sua língua, denominada isiZulu, é uma língua da família bantu, original do povo Zulu, é também a mais praticada no país depois do inglês. Há na África do Sul 11 idiomas oficiais: o inglês, o africanês – imposto pelos colonizadores holandeses – e nove línguas nativas. Os negros desse país (90% da população) preferem conversar entre si em línguas pátrias, como zulu, sotho, venda ou xhosa. O idioma tem dicionário, gramática e Bíblia (desde 1883) e conta com diversos jornais, programas de rádio e sites na Internet.
Muitos costumes ainda se mantêm. “Os homens podem se casar com até quatro mulheres. Mas poucos o fazem porque é muito caro. Para cada sogro é preciso pagar um dote que chega a US$ 20 mil, o equivalente a 15 vacas, dependendo da noiva. As mulheres brancas não custam nada”, brinca Julius Mkchize, um solteiro de 26 anos, guia na Shamwari Game Reserve.
Aprender duas ou três palavras em dialeto africano, visitar uma autêntica casa Zulu e assistir a uma apresentação de dança são espetáculos à parte. No Shakaland, um parque a uma hora e meia de Durban, no Estado de Kwazulu-Natal, uma grande família Zulu ainda reside em ocas, utiliza ervas como medicamentos e confecciona o colorido artesanato desenvolvido por seus antepassados. Não se assuste se uma jovem seminua lhe oferecer um gole da amarga cerveja de milho que acabou de fazer. Faz parte do ritual de boas-vindas deste povo, misterioso e cativante como todo o seu país.
A nação Zulu é a maior tribo da África do Sul e, para esse povo, os trabalhos feitos com miçanga “falam”. Cada cor tem um significado especial. Na linguagem das miçangas, o branco representa amor, vermelho é inspiração e a cor amarela significa saudade. Além disso, os Zulus são mestres na arte de escrever pequenas mensagens com miçangas.
Povo guerreiro, procuram preservar de fato seus costumes e tradições. Uma moça, por exemplo, não pode falar alto perto de sua sogra.
Antes de se casarem, os casais Zulus se comunicam apenas através de um colar de miçanga chamado “Lover Letter”. Cada desenho e cada cor usada no colar indica uma mensagem. Os Zulus não têm o hábito de se beijar.
As mulheres trabalham bastante: fazem cerveja, artesanato, comida, etc. As virgens andam de peito nu coberto apenas com colares de miçangas. As comprometidas usam um top de miçanga. As casadas usam um top maior, de miçanga ou tecido, saia até o joelho e, sempre, chapéu. Os homens se cobrem com pele de animais, geralmente de vaca ou cabra.
Eles cantam e dançam muito. Mas cada movimento serve a um ritual específico.
As crianças Zulus aprendem desde cedo a arte de trabalhar com miçangas e são sempre ensinadas pelas mães e irmãs mais velhas. Um bom lugar para entender um pouco mais sobre o modo de vida deles é Sakaland, perto de Eshowe.
Embora, atualmente, seja mais difícil de ver, as mulheres Zulus usam muito um brinco que é uma grande argola enfiada no lóbulo da orelha.
Facção dos Zulus, os ndebeles têm todo um ritual em torno da roupa. As mulheres usam braceletes grossos, geralmente cobertos de miçanga, no pescoço, nos braços e nas pernas. Também de miçangas é o avental usado pelas casadas sob um cobertor que elas cruzam na frente do corpo – sem mais nada por baixo. Uma mulher dessas é um desfile completo!
Além desse incrível artesanato de miçangas, faz parte do ritual de iniciação feminina para a vida adulta aprender a pintar as paredes das casas com figuras geométricas e gráficas.
Segunda cidade mais extensa da África do Sul, Durban está na província de Kwazulu-Natal, é o berço dos Zulus. Classificada como um dos mais bem preparados destinos para convenções, recebe diferentes eventos, inclusive internacionais, tendo ampliado sua infra-estrutura para receber o grande número de pessoas que lá se reúnem anualmente. Além disso, também está no roteiro de lazer, principalmente dos sul-africanos, que nas férias costumam lotar o litoral, banhado pelo Oceano Índico e muito procurado por surfistas. Mesmo sendo conhecida como a meca do turismo, não é a capital da província, que na verdade é Pietermaritzburg. Ao circular pelas ruas de Durban, o turista percebe mais uma peculiaridade na cidade, onde vivem descendentes de diferentes culturas africanas, assim como de asiáticos, europeus e indianos. O mais interessante dessa mistura cultural é a convivência pacífica das comunidades, que mantêm suas tradições e costumes.
O tuk-tuk, um carro de três rodas puxado por um homem vestido com ornamentos Zulus, é usado para passeios. Caminhadas também são comuns na área, que tem aluguel de bicicletas e uma feira de artesanato ao longo da calçada. Esta é uma boa oportunidade de comprar produtos típicos, principalmente aqueles feitos pelos grupos Zulus, que têm como principal característica a variedade de cores. Para quem quer conhecer melhor a história da etnia, uma boa dica é um passeio até os vilarejos onde vivem esses grupos. A maioria está localizada ao norte da província de Kwazulu-Natal.
A alfabetização entre os Zulus é cerca de 82%. Na prática, a alfabetização é muito mais baixa, aproximadamente 62%. O inglês e o africâner são as línguas principais na educação superior.
É numa cerimônia tradicional na qual milhares de mulheres Zulus atestam sua virgindade, é a chamada “dança dos juncos”. O chefe tribal, rei dos Zulus, Goodwell Zwelthini, defendeu a manutenção dos testes de virgindade para as mulheres, sobretudo, num momento no qual a África do Sul registra as maiores taxas de contaminação pelo HIV no mundo.
Zwelthini foi além, se mostrou favorável a extensão dos testes aos homens. Um especialista em cultura Zulu falou sobre o tema e disse que a realização desses testes entre os homens é uma velha prática na tribo. Segundo o estudioso, a virgindade masculina pode ser comprovada não apenas por sinais anatômicos, como também pela altura alcançada pela urina.
Os testes de virgindade entre os Zulus têm mais de 200 anos, mas foram interrompidos em 1879 pela colonização britânica. O rei atual recuperou o costume em 1984, e agora quer impedir que a nova lei ponha fim à tradição abolindo o costume, contra a vontade de Zwelthini. “Não entendo como o Governo pode aprovar uma lei sem me consultar. Esta prática é parte integral de nosso orgulho”, afirmou.
Indo para o lado oeste das Game Reserves de Hluhluwe-Umfolozi (150 km ao norte de Ulundi), o turista pode visitar museus culturais que apresentam a história local. Próximo a Ondini, é possível conhecer a reconstrução do reino de Cetshwayo, o rei Zulu.
Em Eshowe, o visitante terá a oportunidade de conhecer o fascinante Museu Vukani Collection, que possui uma das melhores coleções de arte e cultura Zulu do mundo.
Um dos lugares mais fascinantes do mundo, a apenas 45 km ao norte de Durban, é o Vale das Mil Colinas. Foi aí que viveram os antepassados do povo Zulu. As paisagens são de tirar o fôlego. É bom saboreá-las com bastante calma. Ainda hoje, na região é possível visitar as aldeias Zulus e conhecer sua interessante cultura e estilo de vida.
Esther Mahlangu é uma artista que vive entre eles, lá num vilarejo ao norte de Johanesburgo. Esther resolveu fazer da tradição de seu povo uma arte de verdade. No final dos anos 80 ela foi descoberta pelos curadores do Museu Georges Pompedou, de Paris, onde participou de sua primeira exposição de 1989. Esther ficou tão popular que acabou sendo convidada para a Documenta de Kassel e participou do projeto da BMW, ao lado de artistas famosos como Andy Wharol, pintando um carro com seu estilo colorido. Sua marca é uma lâmina colorida, como a das pinturas das casas.
Os Zulus diziam que Cristianismo era religião de homem branco. Eles não aceitam o Evangelho facilmente. A maioria deles está com a cabeça cheia de política; hoje em dia, muitos estão influenciados pelo comunismo. Outra razão é que os Zulus estão sempre ocupados em beber: os jovens, preocupados com as coisas deste mundo.
Diziam que Cristianismo era como jogar água fria no fogo, pois extinguia a chama, e não descia até a raiz das coisas. Esta era a razão porque eles ainda pensavam guardar a sua tradição, pois a tradição descia até à raiz das coisas.
“Se vocês pertencessem a uma família Zulu, seriam exatamente como nós somos. Bem, Cristianismo é bom, porque nós tiramos bastante proveito dele. Fomos ocidentalizados, vocês construíram igrejas e escolas para nós. Há tantas coisas boas que ganhamos por causa de vocês. Mas mesmo que o Cristianismo seja bom, não é bom o bastante. Mesmo que venhamos a nos tornar cristãos, temos que guardar nossa tradição também, temos que continuar adorando nossos deuses. Mesmo que nos tornemos cristãos, quando uma criança ficar doente, temos que a levar ao feiticeiro e ao curandeiro. Temos que descobrir por quê está criança ficou doente, quem a fez ficar assim. E quando alguém morrer, temos que fazer uma festa para o defunto, para trazer seu espírito de volta e adorá-lo. E se uma serpente entrar na casa, temos que a adorar, porque o espírito do morto entrou nela. E quando houver uma festa, temos que pegar cerveja e um pouco de carne, para colocar atrás da choupana, para que o morto venha e coma”, depoimento de um Zulu.
Missionários explicam aos Zulus que quando Jesus entra em uma vida, tudo muda. Mostra que toda essa tradição é coisa do diabo. Jesus não tem nada a ver com essas coisas. Não precisarão fazer isso se tiverem Jesus. Então outro missionário replicou, dizendo que Jesus é o bastante, e se os Zulus tiverem Jesus, isto basta! “Deixem seus feiticeiros e curandeiros, venham a Jesus, pois Ele não muda, é ainda o mesmo de dois mil anos atrás”, conclui. Quando o Espírito Santo começa a trabalhar na vida desse povo, há centenas de conversões. Quando os nativos aceitam a Jesus, entregam suas vidas a Ele e não pensam mais que o Cristianismo era religião de homem branco.
A religião cristã é de 73,52% (independentes reformistas católicos, metodistas, anglicanos, luteranos). Tradição étnica 15%; não religioso 8,08%; muçulmana 1,45%; hindu 1,30%; bahai 0,50%; judeu 0,20%; budista/chinesa 0,03% (Operation World). Missionários do país são 1.258 em 140 agências de 40 países: Estados Unidos, 538; Alemanha, 139; Reino Unido, 136; Coréia, 54; Canadá, 52 (Operation World).

Por Valéria de Sá.

Um comentário:

  1. SANSAKROMA SEM FRONTEIRA
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