sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

TRIBO KALINJINS





Os kalenjins, grandes velocistas de maratonas

Falar da tribo kalenjin é nos reportar ao Quênia, país que fica ao leste africano, cujas fronteiras limítrofes são: ao norte a Etiópia; ao nordeste a Somália; ao leste o Oceano Índico; ao sul a Tanzânia; à oeste a Uganda e o lago Victória (lago este de grande importância por fazer fronteira com três países – Quênia, Tanzânia e Uganda); e ao noroeste o Sudão.
Sua capital é Nairóbi (ao centro do país), mas a cidade queniana mais importante é Mombasa (devido ao turismo), localizada no litoral sul. O Quênia possui uma população de 35 milhões de habitantes. Sua população não se distribui uniformemente, mas se concentra entre o sul e o centro do país, sendo o norte a região menos povoada.
Sua geografia física é bem variada, sendo sua divisão muito marcada pela linha do Equador. O relevo acima da linha do Equador tem planícies enquanto que o sul, montanhas, com seu maior pico no monte Kilimanjaro, com 5.895 metros, pico mais alto da África. O clima ao norte, o interior do país, é árido (quente e seco), enquanto que ao sul, região litorânea, é tropical (quente e úmido no verão, frio e úmido nas demais estações do ano).
Sua flora ao norte é de savana (vegetação parecida com a caatinga brasileira), onde se abrigam elefantes, rinocerontes, hipopótamos, girafas, búfalos, antílopes e gazelas, assim como leões, leopardos, hienas e chacais (carnívoros). Ao sul uma selva equatorial, densa, frondosa e exuberante (conhecida como Taita Taveta) que é habitat de inúmeras espécies de aves, símios (chimpanzés e gorilas), répteis, anfíbios e insetos.
Os primeiros homens brancos a chegar às terras quenianas foram os expedicionários alemães (em 1885), mas não tiveram interesses coloniais, o que deu oportunidade à Inglaterra de iniciar sua colonização de exploração em 1890.
Os mais recentes estudos apontam para a África como o berço de todas as civilizações, onde surgiram os primeiros Homo sapiens, sendo que os fósseis mais antigos de Homo habilis e Homo erectus, datadas de 2 milhões e 600 mil anos, foram descobertos na região do lago Turkana, ao norte do Quênia. Logo, cada etnia africana (o que inclui as quenianas) tem uma história milenar, muito mais antiga do que as dos colonizadores europeus, que pouco se importavam para a cultura africana e só estavam interessados na exploração econômica destes povos.
Anterior à colonização branca, as tribos eram agrupamentos populacionais de cultura muito rica, onde os anciãos eram seus líderes naturais, escolhidos por serem os portadores de uma grande sabedoria (inclusive porque a cultura de suas tribos é predominantemente oral, ou seja, como sua história não constava em livros, são os idosos os verdadeiros portadores da história de seu povo), semelhantes às tribos indígenas brasileiras. São mais de 50 tribos presentes no Quênia, divididas entre sete etnias distintas. Nestas tribos, a divisão do trabalho destinava às mulheres a agricultura e a pecuária (apenas para própria subsistência), os afazeres domésticos, o abastecimento de água (juntamente com as crianças) e a culinária. Aos homens cabia unicamente à caça, enquanto que a educação das crianças era responsabilidade dos idosos.
A moeda oficial do Quênia é o Xelim. Para se ter uma noção de valor, um dólar equivale a aproximadamente 75 Xelins.
Os principais produtos agrícolas quenianos são: chá, café, milho, trigo, laranja, banana, abacaxi, abacate, girassol, soja, sisal, algodão, coco, cana-de-açúcar, batata, tomate, cebola, arroz, feijão, mandioca e caju. A pecuária tem como predominante a cultura de bovinos, suínos e caprinos (vacas e porcos), além de piscicultura e avicultura (galinhas, perus, patos, gansos e pavões). Os minerais são: pedra calcária, soda cáustica, ouro, sal e flúor.
A indústria queniana produz plásticos, refino de petróleo, artefatos de madeira, tecidos, cigarros, couro, cimento, metalurgia e comida enlatada. O turismo também rende bons lucros, principalmente Mombasa (litoral) e na savana queniana (interior). A exportação é forte em chá e café, enquanto que importa-se maquinários, alimentos, equipamentos de transporte e petróleo (e seus derivados).
O principal problema econômico do Quênia hoje é o alto índice de desemprego, sendo que metade da população economicamente ativa se encontra desempregada, enquanto que mais da metade dos quenianos desempregados recebe salários baixíssimos (de 80 a 100 dólares, ou cerca de 200 reais). Outro problema sério que o povo queniano sofre é a alta corrupção, sonegação de impostos pela classe economicamente alta (enquanto que os verdadeiros encargos pesam no bolso dos mais pobres, isto é, a maioria do país) e desvio de verbas públicas, principalmente nos investimentos ligados ao transporte e infra-estrutura viária.
A língua oficial do Quênia é o inglês, mas fora das salas de aula, o idioma dominante é o Swahili, uma junção do árabe com a língua dos bantus. O Shahili é tão importante que é utilizado em vários países do leste africano, como Uganda, Tanzânia, norte de Moçambique e sul da Somália (o que facilita inclusive os negócios entre tais países). Por esta abrangência de domínio da língua Swahili, dá para se perceber o quanto que a língua inglesa é uma imposição da cultura branca. Cada tribo tem seu próprio dialeto como característica de uma cultura regional, o que faz do Quênia uma nação com mais de 50 dialetos.
Os jovens do sexo masculino passam por um ritual de aceitação para a fase adulta. Este processo varia de tribo para tribo, mas o caso mais interessante é da tribo Maasai (de etnia kalenjin), uma das mais tradicionais que ainda mantém suas raízes fortemente: o jovem maasai para ser aceito como adulto deve combater um leão até a morte utilizando apenas uma espada, sem qualquer tipo de escudo, muito menos armas de fogo. Já a maioria das tribos, como os kikuyus, por exemplo, utiliza-se de rituais mais simples, como a circuncisão. As garotas também tinham seu processo de iniciação da fase adulta, que consistia na amputação do clitóris para restringir a vontade e o prazer sexual após o casamento, mas hoje em dia está prática está em desuso, devido aos princípios de direitos humanos em questões de gênero serem mais discutidos, mesmo nas tribos mais isoladas.
A religião é tão variada como no Brasil. Nas tribos mais tradicionais, ainda se tem a religião politeísta relacionada com a natureza, isto é, deuses da chuva, da seca, do sol, da água, etc. Por outro lado, a colonização trouxe o cristianismo presente no catolicismo, protestantismo e até o satanismo. O casamento, tanto nas cidades grandes como nas tribos mais remotas, funciona da mesma maneira: é tradicional a poligamia, isto é, um homem pode ter várias esposas, assim como uma mulher pode ter vários maridos. No Quênia, ao se acertar o casamento, o chefe de família – aquele ou aquela que terá vários cônjuges – é quem oferece o dote ao sogro.
Em cada região do interior, cada tribo ensina a suas crianças seu folclore, suas lendas e tradições. Nas escolas das grandes cidades quenianas, como são presentes várias tribos e etnias, não se ensina as peculiaridades de cada uma, mas a cultura do branco britânico (que ficou como herança da colonização). Assim a cultura tradicional vai se perdendo e as futuras gerações vão pouco se importar para a verdadeira história de seu povo.
A culinária é tão rica quanto o folclore, tendo sua variação tão numerosa quanto as tribos. Dependendo dos produtos alimentícios mais representativos de cada região, a alimentação será mais influente, por exemplo, ao norte a caça é mais praticada, assim sua alimentação é rica em carne. Ao sul, por existir uma grande produção de caju, a castanha deste fruto é a base de muitos alimentos. Em grandes cidades, come-se de acordo com o dinheiro que se possui. Como a carne de frango é muito cara, a alimentação mais barata tem por base carne bovina e arroz.
No esporte, com exceção do basquete (praticado não profissionalmente) não existe a tradição de esportes coletivos (como o futebol brasileiro). O Quênia mostra sua força através dos esportes individuais, como o atletismo, onde os kalenjins são grandes representantes, principalmente os velocistas. Exemplos de maratonistas que se destacaram no esporte mundial: Paul Tergat, Kipchoge Keino, Susan Chepkemei (todos de etnia kalenjins) e John Ngugi (de etnia kikuyu). Os quenianos vêem o atletismo como uma forma de “emprego”, vislumbrando um futuro melhor.

Nome oficial: República do Quênia
População: 35.100.000
Capital: Nairóbi
Língua: Swahili e inglês (oficiais), kikuyo, luo
Religião: Cristã – 78,64% (evangélicos – 35,8%; pentecostais – 13,8%). Tradição étnica – 11,50%; Muçulmana – 8,00%; Bahai – 1,10% - Hindu – 0,34%; Jain – 0,20%; não religioso – 0,15%; Sikh – 0,07%. (Operation World)
Índice de pobreza – 50% (2005)
Taxa de alfabetização; 79,3%
Taxa de desemprego: 50% (1998)
Moeda: Xelim queniano
Natureza do Estado: República presidencialista

Missionários no país: 673 de 53 agências em 17 países: Quênia – 608; Tanzânia – 22; Uganda – 21 aproximadamente.
Missionários no país: 2.274 em 175 agências de 30 países: Estados Unidos – 1.332; Reino Unido – 243; Alemanha – 141; Coréia – 117; Canadá – 102. (Operation World).


Por Valéria de Sá (2008).

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

CURDOS




A maior nação sem pátria:

Descendentes do antigo império medopersa (nação a quem pertenceu o Rei Dario, e antes quem serviu o profeta Daniel), os curdos (em curdo, kurdên) lutaram muito para possuir seu próprio território como pátria, para dar um lar a seus mais de 35 milhões de curdos no mundo, que hoje vivem divididos entre a Turquia, Síria, Iraque e Irã.
Comunidades curdas também podem ser encontradas no Líbano, Armênia, Azerbaijão e, em décadas recentes, em alguns países europeus e nos Estados Unidos. São na maioria muçulmanos. Eles são um dos maiores povos não-alcançados do Oriente Médio. Apenas se conhecem crentes entre eles.
Eles são descendentes dos medopersas mencionados na Bíblia. Em 612 a.C. conquistaram Nínive, e por sua vez foram conquistados pelos persas em 550 a.C. Alguns antropólogos os identificam com os elamitas mencionados na profecia de Jeremias 49. No século VII d.C., ao se converterem, na sua maioria, ao islamismo, começaram a se chamar “curdos”, com exceção dos iazidis (que seguem uma seita que mistura Zoroastrismo, Cristianismo e Islamismo) e de alguns cristãos, que permaneceram firmes na fé durante o tempo das conquistas árabes.
Os curdos mais famosos da história foram Dario, o Medo, que reinou na Pérsia no tempo de Daniel, e Saladino, que lutou contra o Rei Ricardo Coração de Leão, nas cruzadas e reconquistou Jerusalém para o Islamismo em 1187.
Não há dúvida que eles são a maioria mais importante do Oriente Médio. Etnicamente, são aparentados com outros povos iranianos. Sua “pátria”, que chamam de Curdistão, não têm limites oficiais, mas se estende desde as montanhas Zagros no Irã até a parte do Iraque, Síria e Turquia Oriental. É uma região montanhosa de 500.000 km² onde se encontram 100% do petróleo turco e sírio, e 74% dos curdos do Iraque (Kirkuk-Mosul) e a metade do iraniano (região de Kermanach). Ao norte se encontra o Monte Ararat (onde desceu a arca de Noé), e os rios Tigre e Eufrates banham a região.
O Curdistão é uma das regiões mais estratégicas do planeta, tendo servido como rota de invasão e imigração entre a Ásia e a Europa por milhares de anos. Ao longo dos séculos, os curdos mesclaram-se com povos vizinhos e invasores, disso resultando um panorama genético que abrange desde gente de cabelo pixaim e pele morena até loiros de olhos azuis. O vínculo que une essas pessoas é “acima de tudo, um sentimento”, explica uma arqueóloga curda, “derivado do modo de vida tradicional nos vales montanhosos e nas planícies adjacentes onde os curdos sempre viveram”.
A diferença entre árabes e curdos está no fato de que estes ainda não estruturaram a sua língua e a sua escrita. Falam uma língua própria, dividida em diversos dialetos diferentes. Em alguns casos, é possível o entendimento restrito entre um dialeto e outro, porém na maioria dos casos não o é. A língua curda pertence ao subgrupo noroeste das línguas indo-iraniano da família de línguas indo-européias. O curdo deve ter evoluído a partir de línguas caucasianas e do aramaico devido a certas peculiaridades que a fazem distinta das outras línguas iranianas. A maioria dos ancestrais dos curdos falava várias línguas da família indo-européia. Todavia, as origens étnicas curdas são incertas. Os mais alfabetizados escrevem em árabe.
A língua original dos curdos foi a hurrita, uma língua não indo-européia que pertencia à família caucasiana. A antiga língua foi substituída pelo indo-europeu por volta de 850 a.C., com a chegada dos Medos ao Curdistão. Todavia, a influência do hurrita no curdo ainda é evidente na sua estrutura gramatical ergativa e nos topônimos.
Provavelmente, o obstáculo mais grave para a comunicação entre os curdos e com outras nações resida no fato de que o analfabetismo é muito grande. Poucos são os que têm oportunidade de ir à escola, geralmente por questões econômicas.
A maioria dos curdos são bilíngües ou poliglotas, falando as línguas dos povos da vizinhança tais como o árabe, o turco e o persa como segunda língua. Os judeus curdos e alguns cristãos curdos (não confundir com os assírios étnicos do Curdistão) habitualmente falam aramaico como sua primeira língua. O aramaico é uma língua semítica muito mais próxima do árabe e do hebraico que do curdo.
O iazdanismo se refere a um grupo de religiões monoteístas praticadas entre os curdos: o alevismo, o iarsanismo e o iazidismo. O principal elemento nas religiões iazdânis é a crença em sete entidades angélicas que protegem o mundo, e por isso estas tradições são chamadas de Culto dos Anjos. A religião original dos curdos era o iazidismo, uma religião muito influenciada pelas crenças judaica, zoroastriana, cristã e islâmica. Todavia, há diferenças significativas entre o iazdanismo e o zoroastrismo, como a crença na reencarnação. A maioria dos iazidis vive no Curdistão iraquiano, nas vizinhanças de Mosul e Sinjar.
Atualmente, a maioria dos curdos é oficialmente muçulmana, pertencendo à escola Shafi’i do Islamismo sumita.
Práticas místicas e participações em ordens sufistas estão também disseminadas entre os curdos. Há também uma minoria curda que é xiita. Os alevitas são outra minoria religiosa entre os curdos, encontrados, principalmente, na Turquia.
Diz-se que os curdos “abraçaram o Islã suavemente”, o que significa que sua fé tende a não ser tão assertiva quanto em outras áreas. Uma conseqüência disso, por exemplo, são as grandes liberdades que gozam as mulheres curdas, elas não cobrem seus rostos, seus hijab são menos restritivos, e elas não se vestem com vestidos pretos como o xador iraniano ou a abaya árabe.
No Curdistão, é comum que as mulheres expressem sua opinião na presença de grupos de homens e as meninas aprendem a ler com seus irmãos – e sigam a carreira militar, ocupem postos no governo e trabalhem como engenheiras.
Há séculos eles foram fazendeiros e pastores que moravam nas montanhas, mas hoje a maioria vive em centros urbanos e ganharam a reputação de serem brutos. Os turcos provocaram algumas tribos curdas a unirem-se para o massacre dos armênios até o final do século XIX.
A partir disso, são muito hospitaleiros. Suas mulheres realizam tarefas no campo. Em suas festas as esposas têm lugar ao lado de seus maridos, e é permitido que falem. Os curdos normalmente têm uma só esposa, embora o Islamismo permita até quatro.
Pode-se dizer que sua cultura está baseada no amor. Por exemplo, é bem visto que uma jovem deixe seu lar para unir-se ao seu amado, ainda que contra a vontade de seus pais. As mães sempre levam consigo seus bebês, até quando vão realizar trabalhos no campo. É permitido às crianças, desde pequenas, a sentar-se com os adultos e participar de suas conversas, e, geralmente são sobre o amor, doenças, ou morte. Os filhos levam o sobrenome do pai, ainda que podem tomar o da mãe se ela é bonita ou de família muito conhecida.
A fama de bons guerreiros acompanha os curdos, mas isso não evitou que fossem massacrados pelos turcos, árabes e persas. Esquecidos pela ONU, os curdos são, na grande maioria, analfabetos. Desde o início desde século, quando se desenvolveu seu nacionalismo, o povo curdo mantém uma guerra de guerrilhas contra as potências ocupantes de seu território. O Tratado de Sèvres, formado em 1920, havia prometido a eles o direito a sua independência depois da queda do Império Otomano. Mas quando o texto de Sèvres foi substituído pelo de Lausanne, foi perdida toda esperança.
O Iraque transformou-se no país que é hoje depois desse Tratado, que dissolveu efetivamente o Império Otomano, depois da derrota na Primeira Guerra Mundial e deu aos britânicos o controle sobre o Iraque. Apesar de o tratado prometer que os curdos receberiam seu próprio país, o Curdistão, este sonho foi por água abaixo. A Turquia, outro país novo determinado pelo tratado e lar da maior população de curdos no mundo, recusou-se a ratificar o documento. No lugar dele, o tratado de Lausanne, mais favorável aos turcos, foi redigido e ratificado em 1923. Desde então, os curdos não têm país próprio e, por consequência, vivem em conflito com seus compatriotas. Não é a primeira vez que as esperanças curdas, por obter uma nação própria, terminaram em desastre. Seus guerrilheiros chamam a si mesmo peshmerga (em curdo, aqueles que caminham ao lado da morte), e através dos anos têm sido frustrados seus intentos por aspirar uma nação própria, em terras com governantes que os depreciam.
No Iraque, Saddam Hussein tentou por longo tempo eliminá-los. Quando as forças aliadas na guerra do Golfo, expulsaram o exército iraquiano do Kuwait, centenas de milhares de curdos sem lar se dirigiram ao norte para reclamar suas antigas terras, somente para serem atacados por Saddam e forçados a fugir novamente.
Os problemas no Iraque têm levado o Primeiro Ministro da Turquia a utilizar a palavra “curdos”, já que até pouco tempo a existência deste grupo humano não era aceita, e eram chamados de “turcos das montanhas”. Agora, uma nova legislação foi proposta e trarão liberdade limitada para a língua curda permitindo fitas e vídeos em sua língua, mas não livros.
O número exato de curdos vivendo no Oriente Médio é desconhecido, devido à análise dos recenseamentos recentes e à relutância dos vários governos das regiões habitadas por curdos em fornecer dados preciosos.
De acordo com o CIA Factbook, os curdos compreendem 20% da população da Turquia, de 15 a 20% no Iraque, possivelmente 2% na Síria, 7% no Irã e 1,3% na Armênia. Em todos estes países com exceção do Irã, os curdos formam o segundo maior grupo étnico. Aproximadamente 55% dos curdos no mundo vivem na Turquia, 20% no Irã, 20% no Iraque e um pouco menos de 5% na Síria. Estas estimativas estabelecem o número total de curdos entre 27 e 36 milhões.
A cultura curda é o legado de vários povos antigos que moldaram os modernos curdos e sua sociedade, principalmente, de três povos: os hurritas nativos, os iranianos antigos (Medos) e os Muçulmanos.
A cultura curda é muito próxima daqueles dos povos iranianos; os curdos, por exemplo, também celebram o Noruz (21de março) como Dia de Ano Novo.
Os filmes curdos, principalmente, evocam a pobreza e a falta de direitos do povo curdo na região. Yilmaz Gűney (Yol) e Bahman Qubadi (a Time for Drunken Horses, Turtles Can Fly) estão entre os mais conhecidos diretores curdos.
Na Síria, milhares de curdos não têm cidadania, são marginalizados, proibidos de promover sua cultura e língua. O governo turco, freqüentemente, usa brutal violência para aplacar movimentos nacionalistas curdos.
Tradicionalmente, há três tipos de artistas clássicos curdos: os contadores de histórias (çirokbêj), os menestréis (stranbêj) e os bardos (dengbêj). Não houve música específica relacionada às cortes principescas curdas, e, em vez disso, a música apresentada em reuniões noturnas (sevbihêrk) é considerada clássica. Várias formas musicais são encontradas neste gênero. Muitas músicas são épicas por natureza, como a popular Lawiks, balada heróica contando histórias de heróis curdos como Saladino. Heyrans são baladas de amor que, frequentemente, expressam a melancolia da separação e do amor não conquistado, enquanto Lawje é uma forma de música religiosa e Payizoks são canções apresentadas durante o outono.

A igreja hoje:

Devido a ação missionária, mais curdos estão se voltando para Cristo no Oriente Médio e no Ocidente. Em sua maioria, esses convertidos participam ou iniciam comunidades evangélicas, mas há convertidos nas igrejas históricas. Porém, o número de muçulmanos que se converteram à fé cristã é ainda minúsculo. Por exemplo, no Iraque, onde existem vários ministérios e, algumas igrejas especialmente voltados para curdos, o número de convertidos dificilmente passa de mil pessoas (cerca de apenas 0,03% da população curda no país).
Para um cristão curdo, o risco de sofrer perseguição depende da sua nacionalidade, tribo e tradições familiares. O governo do Irã e Síria ainda monitora de perto a atividade evangélica e fazem o que podem para coibir seu crescimento. Na Turquia e no Norte do Iraque o governo é bastante secular e não apresenta problema para a igreja. Entretanto, a força da tribo e a tradição são muito fortes e podem proteger ou ameaçar a vida do novo cristão. Como acontece frequentemente em outros casos, no segundo caso, convertidos também se tornam vítimas das “vistas grossas” de autoridades locais.
Apesar de ser uma igreja bastante jovem, a igreja curda chama bastante a atenção de organizações internacionais. O fato de viverem em países que estão constantemente na mídia faz com que muitas pessoas queiram ajudar os nossos irmãos curdos.
Somente existem traduções do evangelho de Lucas e de João, Provérbios e o livro de Jonas e alguns episódios da vida do Senhor Jesus Cristo.

Oremos pelos curdos:

O evangelismo entre os muçulmanos curdos está severamente restrito e há poucos crentes verdadeiros (não se sabe de mais de 50 em todo o mundo); no entanto, as zonas curdas da Turquia têm a mais alta porcentagem de resposta aos cursos bíblicos por correspondência.
Clamemos para que os curdos tenham a liberdade de escutar o evangelho em sua própria língua, e para que haja obreiros que tenham a possibilidade de proclamar as boas novas.


Perfil:
l
Nome do Povo: Curdo (Norte)
País: Iraque
Sua língua: Kurmanji
População: 1.457.000
Maior religião: Islamismo Suni
Cristãos: 0,07%
Escrituras disponíveis em sua Língua: NT
Evangélicos (desse povo no país): 0 (0%)

Seu País:

País: Iraque
População: 22.411.000
Religião principal: Islamismo
Evangélicos no País: 5.900 (0,03%)
Número de igrejas no País: 38
Número de Missionários no País: 20
Liberdade de Pregação: parcial.


Por Valéria de Sá (2008)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

SONGHAI


Sobreviventes do Saara:


País: Mali, Burkina Faso, Nigéria e Níger
Língua: songhai
População: 1.460.600 (2001)
Religião: 99% muçulmanos; 1% cristãos e animistas
Bíblia: Novo Testamento traduzido
Não alcançados: 530.000 (77%)


Os songhais são um dos povos mais intrigantes e famosos do temido deserto do Saara. Moram em cabanas de sapê ou de barro, cobertas por palha ou lata. A lata é também utilizada por eles para a confecção de tambores. O clima em que vivem é o mais severo de todo o mundo. O sol, cuja temperatura chega a atingir até 50ºC durante o dia e à noite pode chegar ao negativo, é impiedoso.
Apesar de tudo, esse povo, acostumado com pouquíssimas chuvas e familiarizado com a fome e a enfermidade, valoriza a paciência, o trabalho duro, a coragem, a habilidade de ouvir, a hospitalidade e a honestidade. Para as aldeias que vivem em áreas afastadas do rio, a sobrevivência é ainda mais difícil e cruel, pois sofrem com a falta de água, uma vez que o deserto do Saara só se encontra com o rio nos primeiros metros da costa. Para a população ribeirinha, no entanto, é possível cultivar arroz, abóbora e cebola, pescar com redes, criar pequenos animais, colher mangas no período de boa temporada e, através de pequenas hortas, produzir quiabo, tomate, sementes de gergelim, berinjela e alho. Infelizmente, as secas atingem toda a região, deixando muitas crianças órfãs e outras desnutridas pela escassez de alimentação.
Viver com tantas adversidades talvez seja a maior virtude e desafio desse povo que hoje possui apenas parte das terras herdadas por seus ancestrais. Devido à sua necessidade de sobrevivência, os songhais, antes tão orgulhosos, passaram a simples agricultores e pastores rurais. São os homens das tribos que decidem sobre os assuntos importantes, tais como: período de semeadura, compras de ferramentas e demais equipamentos para a lavoura, o tipo de gado que deve ser criado e comercializado e supervisão da agricultura. Sobre eles repousa também a tarefa de manter a família forte e unida. Nos acompamentos urbanos, o chefe da família pode lucrar com alguns trabalhos fora de casa. Uma vez com o dinheiro adquirido com os serviços externos, ele pode guardá-lo ou gastá-lo, desde que seja para suprir as necessidades de sua extensa família.
No fim da temporada da colheita de milho, muitos homens viajam para o interior de países vizinhos, como Nigéria e Gana. Nesse período, a responsabilidade da casa fica com a mãe, que deve cuidar de toda e qualquer necessidade da família. Os filhos ajudam o pai no trabalho e nos negócios. Auxiliam nas compras no mercado, levam mensagens, fabricam ferramentas e cuidam dos animais.
Devem ficar calados e respeitar suas devidas posições na hierarquia familiar, especialmente quando o pai está em casa. As filhas, ainda bem pequenas, com idade entre seis e sete anos, começam a ajudar as mães a cuidar dos irmãos menores, além de pilar grãos, carregar água, cozinhar e ajuntar madeira. Os filhos são frequentemente submetidos a punições físicas por causa de atos de desobediência. Os velhos, homens e mulheres, são muito respeitados. Suas opiniões e elogios são frequentemente procurados. Após os 60 anos, o pai e a mãe da família se aposentam. Então, as mulheres mais jovens assumem as tarefas da casa e os homens mais jovens, as responsabilidades financeiras dos pais.
Embora sejam muçulmanos, podendo possuir até quatro mulheres, a maioria dos homens prefere apenas uma esposa, por questões econômicas. E quando um deles tem mais de uma esposa, as mulheres são mantidas na casa de sua antiga família. Se um problema familiar se torna assunto de discussão pública, esse fato é considerado vergonhoso. Por isso as questões familiares devem ser resolvidas dentro da família.
O império Songhai teve seu início na cidade de Gao, no Mali, por volta do ano 680 d.C. Os reis de Gao cresceram gradualmente dominando e subjugando todos os povos das regiões circunvizinhas. O povo Sorko, formado por pescadores, consruiu e conduziu barcos e canoas no rio Níger. Já os Gow tinham suas principais atividades ligadas á caça de animais, como crocodilos e hipopótamos. Os Dos cultivavam as terras férteis á beira do rio. A fusão desses povos formou as raízes dos songhais.
Nos séculos XV e XVI, grandes feiticeiros, reis e guerreiros songhais usavam sua magia e destemidas habilidades de batalha para conquistar seus vizinhos e estabelecer um vasto império. Antes de caírem diante dos invasores tuaregues do Marrocos, os songhais, devido à sua organização e ambição de estender os seus domínios, além da fé islâmica que posuíam, tornaram-se o maior império medieval do Oeste da África. No seu ponto máximo, o império Songhai chegou a estender-se desde a região onde hoje se encontra o Oeste do Mali até os reinos Haussa, atual norte da Nigéria. Seu domínio alcançou as duas margens do rio Níger, que corria numa grande curva através de todo o seu território, desde o Oeste até o Leste. As pessoas mais velhas da tribo Songhai conservam ainda lembranças desse passado de glória e vivem na esperança de dias melhores.
Não obstante o islamismo ter introduzido novos elementos à cultura songhai, a estrutura tradicional da religião primitiva desse povo, no entanto, permanece intacta, ou seja, eles ainda a praticam.
Cada comunidade tem um iman (professor do islamismo) que ensina, às sextas-feiras nas mesquitas, o fundamento do Islã para eles. Mas isso não muda a rotina religiosa dos songhais: possessão de espíritos, mágica, culto aos antepassados, bruxarias, entre outras práticas pagás. As cerimônias para invocar os espíritos ocorrem pelo menos uma vez por semana em vários lugares. As mais importantes são a genji bi hori, um festival no qual os songhais se oferecem aos "espíritos negros" (eles crêem que esses espíritos têm poder para controlar pestes e doenças), e o yenaandi, uma espécie de dança da chuva. A maioria deles concorda numa coisa: existem os espíritos bons e os maus.
Os espíritos bons trazem um sentimento de paz na casa e são capazes de protegê-los dos maus espíritos. A maioria dos songhais tem alguma coisa para contar sobre os maus espíritos, pois todos temem a esses espíritos e o que eles podem fazer às suas famílias. A feitiçaria é praticada em muitas vilas. Se uma criança é atacada por demônios, a vila inteira celebra uma cerimônia de possessão para entregar, formalmente, a vítima a tais espíritos. A criança, então, é obrigada a servir a esse demônio (ou demônios) pelo resto da vida.
Palavras e poções mágicas podem ser adquiridas para se obter bons e maus resultados, dependendo da intenção com que são compradas. Suas aldeias, assim como sua história, costumes e tradições, permanecem fechadas durante séculos, opondo-se às mudanças e erguendo barreiras contra o testemunho cristão.
Atualmente, existem pouquíssimos cristãos, pelo que se conhece, entre os songhais, um dos povos com pouco ou quase nenhum acesso ao evangelho em todo o mundo. Apenas uma minoria, 0,2% é cristã. A fome e as doenças têm sido uma companhia constante desse povo. Três em cada cinco crianças morrem antes de completar cinco anos. A Igreja de Cristo tem respondido muito vagarosamente às necessidades dos songhai.
Em fevereiro de 2000, a Missão Batista do Sul dos Estados Unidos entendeu as desesperadas necessidades do povo songhai e enviou uma equipe para trabalhar entre eles. Essa equipe tem atuado de muitas maneiras diferentes. Um grupo de intercessores de cerca de sete mil pessoas tem orado regularmente pelas necessidades desse povo. Várias igrejas dos Estados Unidos têm enviado equipes para caminhadas de oração em suas terras.
Recentemente, uma junta médica viajou até eles e supriu algumas sérias necessidades físicas da população em diversas vilas. Houve distribuição de grãos, e equipes de pesquisa de recursos de água foram enviadas para estudar as necessidades de tal riqueza entre os songhais. Na ocasião, o povo recebeu algumas recomendações básicas de como conseguir suprir essa necessidade. Um especialista em agricultura está atualmente no campo, estudando as práticas de cultivo da tribo e orientando o povo sobre como produzir mais alimentos para amenizar a fome.
O filme "Jesus" está sendo exibido em várias vilas. O trabalho de implantação de igrejas vem sendo desenvolvido em três localidades diferentes. Aqui no Brasil, a Igreja Batista do Caminho, em Santa Bárbara do Oeste (SP), está respondendo ao apelo e adotou esse povo. Planeja, ainda, enviar missionários e/ou apoiar projetos já existentes.
Fonte: Revista Povos.


sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Tribo Zulus


Os Zulus são um povo do sul da África, vivendo em território atualmente correspondentes à África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue e Moçambique. Embora hoje tenham expansão e poder político restritos, os Zulus foram, no passado, uma nação guerreira que resistiu à invasão imperialista britânica e bôere no século XX.
A população de Zulus na África do Sul foi estimada em 44,3 milhões, em 1998, correspondendo a 23,4% da população total do país (“The Economist”). Nos países restantes é estimado em cerca de 400 mil. Moeda usada: rande.
Das nove etnias que formam a população original da África do Sul, os Zulus são o grupo hegemônico. Sua língua, denominada isiZulu, é uma língua da família bantu, original do povo Zulu, é também a mais praticada no país depois do inglês. Há na África do Sul 11 idiomas oficiais: o inglês, o africanês – imposto pelos colonizadores holandeses – e nove línguas nativas. Os negros desse país (90% da população) preferem conversar entre si em línguas pátrias, como zulu, sotho, venda ou xhosa. O idioma tem dicionário, gramática e Bíblia (desde 1883) e conta com diversos jornais, programas de rádio e sites na Internet.
Muitos costumes ainda se mantêm. “Os homens podem se casar com até quatro mulheres. Mas poucos o fazem porque é muito caro. Para cada sogro é preciso pagar um dote que chega a US$ 20 mil, o equivalente a 15 vacas, dependendo da noiva. As mulheres brancas não custam nada”, brinca Julius Mkchize, um solteiro de 26 anos, guia na Shamwari Game Reserve.
Aprender duas ou três palavras em dialeto africano, visitar uma autêntica casa Zulu e assistir a uma apresentação de dança são espetáculos à parte. No Shakaland, um parque a uma hora e meia de Durban, no Estado de Kwazulu-Natal, uma grande família Zulu ainda reside em ocas, utiliza ervas como medicamentos e confecciona o colorido artesanato desenvolvido por seus antepassados. Não se assuste se uma jovem seminua lhe oferecer um gole da amarga cerveja de milho que acabou de fazer. Faz parte do ritual de boas-vindas deste povo, misterioso e cativante como todo o seu país.
A nação Zulu é a maior tribo da África do Sul e, para esse povo, os trabalhos feitos com miçanga “falam”. Cada cor tem um significado especial. Na linguagem das miçangas, o branco representa amor, vermelho é inspiração e a cor amarela significa saudade. Além disso, os Zulus são mestres na arte de escrever pequenas mensagens com miçangas.
Povo guerreiro, procuram preservar de fato seus costumes e tradições. Uma moça, por exemplo, não pode falar alto perto de sua sogra.
Antes de se casarem, os casais Zulus se comunicam apenas através de um colar de miçanga chamado “Lover Letter”. Cada desenho e cada cor usada no colar indica uma mensagem. Os Zulus não têm o hábito de se beijar.
As mulheres trabalham bastante: fazem cerveja, artesanato, comida, etc. As virgens andam de peito nu coberto apenas com colares de miçangas. As comprometidas usam um top de miçanga. As casadas usam um top maior, de miçanga ou tecido, saia até o joelho e, sempre, chapéu. Os homens se cobrem com pele de animais, geralmente de vaca ou cabra.
Eles cantam e dançam muito. Mas cada movimento serve a um ritual específico.
As crianças Zulus aprendem desde cedo a arte de trabalhar com miçangas e são sempre ensinadas pelas mães e irmãs mais velhas. Um bom lugar para entender um pouco mais sobre o modo de vida deles é Sakaland, perto de Eshowe.
Embora, atualmente, seja mais difícil de ver, as mulheres Zulus usam muito um brinco que é uma grande argola enfiada no lóbulo da orelha.
Facção dos Zulus, os ndebeles têm todo um ritual em torno da roupa. As mulheres usam braceletes grossos, geralmente cobertos de miçanga, no pescoço, nos braços e nas pernas. Também de miçangas é o avental usado pelas casadas sob um cobertor que elas cruzam na frente do corpo – sem mais nada por baixo. Uma mulher dessas é um desfile completo!
Além desse incrível artesanato de miçangas, faz parte do ritual de iniciação feminina para a vida adulta aprender a pintar as paredes das casas com figuras geométricas e gráficas.
Segunda cidade mais extensa da África do Sul, Durban está na província de Kwazulu-Natal, é o berço dos Zulus. Classificada como um dos mais bem preparados destinos para convenções, recebe diferentes eventos, inclusive internacionais, tendo ampliado sua infra-estrutura para receber o grande número de pessoas que lá se reúnem anualmente. Além disso, também está no roteiro de lazer, principalmente dos sul-africanos, que nas férias costumam lotar o litoral, banhado pelo Oceano Índico e muito procurado por surfistas. Mesmo sendo conhecida como a meca do turismo, não é a capital da província, que na verdade é Pietermaritzburg. Ao circular pelas ruas de Durban, o turista percebe mais uma peculiaridade na cidade, onde vivem descendentes de diferentes culturas africanas, assim como de asiáticos, europeus e indianos. O mais interessante dessa mistura cultural é a convivência pacífica das comunidades, que mantêm suas tradições e costumes.
O tuk-tuk, um carro de três rodas puxado por um homem vestido com ornamentos Zulus, é usado para passeios. Caminhadas também são comuns na área, que tem aluguel de bicicletas e uma feira de artesanato ao longo da calçada. Esta é uma boa oportunidade de comprar produtos típicos, principalmente aqueles feitos pelos grupos Zulus, que têm como principal característica a variedade de cores. Para quem quer conhecer melhor a história da etnia, uma boa dica é um passeio até os vilarejos onde vivem esses grupos. A maioria está localizada ao norte da província de Kwazulu-Natal.
A alfabetização entre os Zulus é cerca de 82%. Na prática, a alfabetização é muito mais baixa, aproximadamente 62%. O inglês e o africâner são as línguas principais na educação superior.
É numa cerimônia tradicional na qual milhares de mulheres Zulus atestam sua virgindade, é a chamada “dança dos juncos”. O chefe tribal, rei dos Zulus, Goodwell Zwelthini, defendeu a manutenção dos testes de virgindade para as mulheres, sobretudo, num momento no qual a África do Sul registra as maiores taxas de contaminação pelo HIV no mundo.
Zwelthini foi além, se mostrou favorável a extensão dos testes aos homens. Um especialista em cultura Zulu falou sobre o tema e disse que a realização desses testes entre os homens é uma velha prática na tribo. Segundo o estudioso, a virgindade masculina pode ser comprovada não apenas por sinais anatômicos, como também pela altura alcançada pela urina.
Os testes de virgindade entre os Zulus têm mais de 200 anos, mas foram interrompidos em 1879 pela colonização britânica. O rei atual recuperou o costume em 1984, e agora quer impedir que a nova lei ponha fim à tradição abolindo o costume, contra a vontade de Zwelthini. “Não entendo como o Governo pode aprovar uma lei sem me consultar. Esta prática é parte integral de nosso orgulho”, afirmou.
Indo para o lado oeste das Game Reserves de Hluhluwe-Umfolozi (150 km ao norte de Ulundi), o turista pode visitar museus culturais que apresentam a história local. Próximo a Ondini, é possível conhecer a reconstrução do reino de Cetshwayo, o rei Zulu.
Em Eshowe, o visitante terá a oportunidade de conhecer o fascinante Museu Vukani Collection, que possui uma das melhores coleções de arte e cultura Zulu do mundo.
Um dos lugares mais fascinantes do mundo, a apenas 45 km ao norte de Durban, é o Vale das Mil Colinas. Foi aí que viveram os antepassados do povo Zulu. As paisagens são de tirar o fôlego. É bom saboreá-las com bastante calma. Ainda hoje, na região é possível visitar as aldeias Zulus e conhecer sua interessante cultura e estilo de vida.
Esther Mahlangu é uma artista que vive entre eles, lá num vilarejo ao norte de Johanesburgo. Esther resolveu fazer da tradição de seu povo uma arte de verdade. No final dos anos 80 ela foi descoberta pelos curadores do Museu Georges Pompedou, de Paris, onde participou de sua primeira exposição de 1989. Esther ficou tão popular que acabou sendo convidada para a Documenta de Kassel e participou do projeto da BMW, ao lado de artistas famosos como Andy Wharol, pintando um carro com seu estilo colorido. Sua marca é uma lâmina colorida, como a das pinturas das casas.
Os Zulus diziam que Cristianismo era religião de homem branco. Eles não aceitam o Evangelho facilmente. A maioria deles está com a cabeça cheia de política; hoje em dia, muitos estão influenciados pelo comunismo. Outra razão é que os Zulus estão sempre ocupados em beber: os jovens, preocupados com as coisas deste mundo.
Diziam que Cristianismo era como jogar água fria no fogo, pois extinguia a chama, e não descia até a raiz das coisas. Esta era a razão porque eles ainda pensavam guardar a sua tradição, pois a tradição descia até à raiz das coisas.
“Se vocês pertencessem a uma família Zulu, seriam exatamente como nós somos. Bem, Cristianismo é bom, porque nós tiramos bastante proveito dele. Fomos ocidentalizados, vocês construíram igrejas e escolas para nós. Há tantas coisas boas que ganhamos por causa de vocês. Mas mesmo que o Cristianismo seja bom, não é bom o bastante. Mesmo que venhamos a nos tornar cristãos, temos que guardar nossa tradição também, temos que continuar adorando nossos deuses. Mesmo que nos tornemos cristãos, quando uma criança ficar doente, temos que a levar ao feiticeiro e ao curandeiro. Temos que descobrir por quê está criança ficou doente, quem a fez ficar assim. E quando alguém morrer, temos que fazer uma festa para o defunto, para trazer seu espírito de volta e adorá-lo. E se uma serpente entrar na casa, temos que a adorar, porque o espírito do morto entrou nela. E quando houver uma festa, temos que pegar cerveja e um pouco de carne, para colocar atrás da choupana, para que o morto venha e coma”, depoimento de um Zulu.
Missionários explicam aos Zulus que quando Jesus entra em uma vida, tudo muda. Mostra que toda essa tradição é coisa do diabo. Jesus não tem nada a ver com essas coisas. Não precisarão fazer isso se tiverem Jesus. Então outro missionário replicou, dizendo que Jesus é o bastante, e se os Zulus tiverem Jesus, isto basta! “Deixem seus feiticeiros e curandeiros, venham a Jesus, pois Ele não muda, é ainda o mesmo de dois mil anos atrás”, conclui. Quando o Espírito Santo começa a trabalhar na vida desse povo, há centenas de conversões. Quando os nativos aceitam a Jesus, entregam suas vidas a Ele e não pensam mais que o Cristianismo era religião de homem branco.
A religião cristã é de 73,52% (independentes reformistas católicos, metodistas, anglicanos, luteranos). Tradição étnica 15%; não religioso 8,08%; muçulmana 1,45%; hindu 1,30%; bahai 0,50%; judeu 0,20%; budista/chinesa 0,03% (Operation World). Missionários do país são 1.258 em 140 agências de 40 países: Estados Unidos, 538; Alemanha, 139; Reino Unido, 136; Coréia, 54; Canadá, 52 (Operation World).

Por Valéria de Sá.