quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

CURDOS




A maior nação sem pátria:

Descendentes do antigo império medopersa (nação a quem pertenceu o Rei Dario, e antes quem serviu o profeta Daniel), os curdos (em curdo, kurdên) lutaram muito para possuir seu próprio território como pátria, para dar um lar a seus mais de 35 milhões de curdos no mundo, que hoje vivem divididos entre a Turquia, Síria, Iraque e Irã.
Comunidades curdas também podem ser encontradas no Líbano, Armênia, Azerbaijão e, em décadas recentes, em alguns países europeus e nos Estados Unidos. São na maioria muçulmanos. Eles são um dos maiores povos não-alcançados do Oriente Médio. Apenas se conhecem crentes entre eles.
Eles são descendentes dos medopersas mencionados na Bíblia. Em 612 a.C. conquistaram Nínive, e por sua vez foram conquistados pelos persas em 550 a.C. Alguns antropólogos os identificam com os elamitas mencionados na profecia de Jeremias 49. No século VII d.C., ao se converterem, na sua maioria, ao islamismo, começaram a se chamar “curdos”, com exceção dos iazidis (que seguem uma seita que mistura Zoroastrismo, Cristianismo e Islamismo) e de alguns cristãos, que permaneceram firmes na fé durante o tempo das conquistas árabes.
Os curdos mais famosos da história foram Dario, o Medo, que reinou na Pérsia no tempo de Daniel, e Saladino, que lutou contra o Rei Ricardo Coração de Leão, nas cruzadas e reconquistou Jerusalém para o Islamismo em 1187.
Não há dúvida que eles são a maioria mais importante do Oriente Médio. Etnicamente, são aparentados com outros povos iranianos. Sua “pátria”, que chamam de Curdistão, não têm limites oficiais, mas se estende desde as montanhas Zagros no Irã até a parte do Iraque, Síria e Turquia Oriental. É uma região montanhosa de 500.000 km² onde se encontram 100% do petróleo turco e sírio, e 74% dos curdos do Iraque (Kirkuk-Mosul) e a metade do iraniano (região de Kermanach). Ao norte se encontra o Monte Ararat (onde desceu a arca de Noé), e os rios Tigre e Eufrates banham a região.
O Curdistão é uma das regiões mais estratégicas do planeta, tendo servido como rota de invasão e imigração entre a Ásia e a Europa por milhares de anos. Ao longo dos séculos, os curdos mesclaram-se com povos vizinhos e invasores, disso resultando um panorama genético que abrange desde gente de cabelo pixaim e pele morena até loiros de olhos azuis. O vínculo que une essas pessoas é “acima de tudo, um sentimento”, explica uma arqueóloga curda, “derivado do modo de vida tradicional nos vales montanhosos e nas planícies adjacentes onde os curdos sempre viveram”.
A diferença entre árabes e curdos está no fato de que estes ainda não estruturaram a sua língua e a sua escrita. Falam uma língua própria, dividida em diversos dialetos diferentes. Em alguns casos, é possível o entendimento restrito entre um dialeto e outro, porém na maioria dos casos não o é. A língua curda pertence ao subgrupo noroeste das línguas indo-iraniano da família de línguas indo-européias. O curdo deve ter evoluído a partir de línguas caucasianas e do aramaico devido a certas peculiaridades que a fazem distinta das outras línguas iranianas. A maioria dos ancestrais dos curdos falava várias línguas da família indo-européia. Todavia, as origens étnicas curdas são incertas. Os mais alfabetizados escrevem em árabe.
A língua original dos curdos foi a hurrita, uma língua não indo-européia que pertencia à família caucasiana. A antiga língua foi substituída pelo indo-europeu por volta de 850 a.C., com a chegada dos Medos ao Curdistão. Todavia, a influência do hurrita no curdo ainda é evidente na sua estrutura gramatical ergativa e nos topônimos.
Provavelmente, o obstáculo mais grave para a comunicação entre os curdos e com outras nações resida no fato de que o analfabetismo é muito grande. Poucos são os que têm oportunidade de ir à escola, geralmente por questões econômicas.
A maioria dos curdos são bilíngües ou poliglotas, falando as línguas dos povos da vizinhança tais como o árabe, o turco e o persa como segunda língua. Os judeus curdos e alguns cristãos curdos (não confundir com os assírios étnicos do Curdistão) habitualmente falam aramaico como sua primeira língua. O aramaico é uma língua semítica muito mais próxima do árabe e do hebraico que do curdo.
O iazdanismo se refere a um grupo de religiões monoteístas praticadas entre os curdos: o alevismo, o iarsanismo e o iazidismo. O principal elemento nas religiões iazdânis é a crença em sete entidades angélicas que protegem o mundo, e por isso estas tradições são chamadas de Culto dos Anjos. A religião original dos curdos era o iazidismo, uma religião muito influenciada pelas crenças judaica, zoroastriana, cristã e islâmica. Todavia, há diferenças significativas entre o iazdanismo e o zoroastrismo, como a crença na reencarnação. A maioria dos iazidis vive no Curdistão iraquiano, nas vizinhanças de Mosul e Sinjar.
Atualmente, a maioria dos curdos é oficialmente muçulmana, pertencendo à escola Shafi’i do Islamismo sumita.
Práticas místicas e participações em ordens sufistas estão também disseminadas entre os curdos. Há também uma minoria curda que é xiita. Os alevitas são outra minoria religiosa entre os curdos, encontrados, principalmente, na Turquia.
Diz-se que os curdos “abraçaram o Islã suavemente”, o que significa que sua fé tende a não ser tão assertiva quanto em outras áreas. Uma conseqüência disso, por exemplo, são as grandes liberdades que gozam as mulheres curdas, elas não cobrem seus rostos, seus hijab são menos restritivos, e elas não se vestem com vestidos pretos como o xador iraniano ou a abaya árabe.
No Curdistão, é comum que as mulheres expressem sua opinião na presença de grupos de homens e as meninas aprendem a ler com seus irmãos – e sigam a carreira militar, ocupem postos no governo e trabalhem como engenheiras.
Há séculos eles foram fazendeiros e pastores que moravam nas montanhas, mas hoje a maioria vive em centros urbanos e ganharam a reputação de serem brutos. Os turcos provocaram algumas tribos curdas a unirem-se para o massacre dos armênios até o final do século XIX.
A partir disso, são muito hospitaleiros. Suas mulheres realizam tarefas no campo. Em suas festas as esposas têm lugar ao lado de seus maridos, e é permitido que falem. Os curdos normalmente têm uma só esposa, embora o Islamismo permita até quatro.
Pode-se dizer que sua cultura está baseada no amor. Por exemplo, é bem visto que uma jovem deixe seu lar para unir-se ao seu amado, ainda que contra a vontade de seus pais. As mães sempre levam consigo seus bebês, até quando vão realizar trabalhos no campo. É permitido às crianças, desde pequenas, a sentar-se com os adultos e participar de suas conversas, e, geralmente são sobre o amor, doenças, ou morte. Os filhos levam o sobrenome do pai, ainda que podem tomar o da mãe se ela é bonita ou de família muito conhecida.
A fama de bons guerreiros acompanha os curdos, mas isso não evitou que fossem massacrados pelos turcos, árabes e persas. Esquecidos pela ONU, os curdos são, na grande maioria, analfabetos. Desde o início desde século, quando se desenvolveu seu nacionalismo, o povo curdo mantém uma guerra de guerrilhas contra as potências ocupantes de seu território. O Tratado de Sèvres, formado em 1920, havia prometido a eles o direito a sua independência depois da queda do Império Otomano. Mas quando o texto de Sèvres foi substituído pelo de Lausanne, foi perdida toda esperança.
O Iraque transformou-se no país que é hoje depois desse Tratado, que dissolveu efetivamente o Império Otomano, depois da derrota na Primeira Guerra Mundial e deu aos britânicos o controle sobre o Iraque. Apesar de o tratado prometer que os curdos receberiam seu próprio país, o Curdistão, este sonho foi por água abaixo. A Turquia, outro país novo determinado pelo tratado e lar da maior população de curdos no mundo, recusou-se a ratificar o documento. No lugar dele, o tratado de Lausanne, mais favorável aos turcos, foi redigido e ratificado em 1923. Desde então, os curdos não têm país próprio e, por consequência, vivem em conflito com seus compatriotas. Não é a primeira vez que as esperanças curdas, por obter uma nação própria, terminaram em desastre. Seus guerrilheiros chamam a si mesmo peshmerga (em curdo, aqueles que caminham ao lado da morte), e através dos anos têm sido frustrados seus intentos por aspirar uma nação própria, em terras com governantes que os depreciam.
No Iraque, Saddam Hussein tentou por longo tempo eliminá-los. Quando as forças aliadas na guerra do Golfo, expulsaram o exército iraquiano do Kuwait, centenas de milhares de curdos sem lar se dirigiram ao norte para reclamar suas antigas terras, somente para serem atacados por Saddam e forçados a fugir novamente.
Os problemas no Iraque têm levado o Primeiro Ministro da Turquia a utilizar a palavra “curdos”, já que até pouco tempo a existência deste grupo humano não era aceita, e eram chamados de “turcos das montanhas”. Agora, uma nova legislação foi proposta e trarão liberdade limitada para a língua curda permitindo fitas e vídeos em sua língua, mas não livros.
O número exato de curdos vivendo no Oriente Médio é desconhecido, devido à análise dos recenseamentos recentes e à relutância dos vários governos das regiões habitadas por curdos em fornecer dados preciosos.
De acordo com o CIA Factbook, os curdos compreendem 20% da população da Turquia, de 15 a 20% no Iraque, possivelmente 2% na Síria, 7% no Irã e 1,3% na Armênia. Em todos estes países com exceção do Irã, os curdos formam o segundo maior grupo étnico. Aproximadamente 55% dos curdos no mundo vivem na Turquia, 20% no Irã, 20% no Iraque e um pouco menos de 5% na Síria. Estas estimativas estabelecem o número total de curdos entre 27 e 36 milhões.
A cultura curda é o legado de vários povos antigos que moldaram os modernos curdos e sua sociedade, principalmente, de três povos: os hurritas nativos, os iranianos antigos (Medos) e os Muçulmanos.
A cultura curda é muito próxima daqueles dos povos iranianos; os curdos, por exemplo, também celebram o Noruz (21de março) como Dia de Ano Novo.
Os filmes curdos, principalmente, evocam a pobreza e a falta de direitos do povo curdo na região. Yilmaz Gűney (Yol) e Bahman Qubadi (a Time for Drunken Horses, Turtles Can Fly) estão entre os mais conhecidos diretores curdos.
Na Síria, milhares de curdos não têm cidadania, são marginalizados, proibidos de promover sua cultura e língua. O governo turco, freqüentemente, usa brutal violência para aplacar movimentos nacionalistas curdos.
Tradicionalmente, há três tipos de artistas clássicos curdos: os contadores de histórias (çirokbêj), os menestréis (stranbêj) e os bardos (dengbêj). Não houve música específica relacionada às cortes principescas curdas, e, em vez disso, a música apresentada em reuniões noturnas (sevbihêrk) é considerada clássica. Várias formas musicais são encontradas neste gênero. Muitas músicas são épicas por natureza, como a popular Lawiks, balada heróica contando histórias de heróis curdos como Saladino. Heyrans são baladas de amor que, frequentemente, expressam a melancolia da separação e do amor não conquistado, enquanto Lawje é uma forma de música religiosa e Payizoks são canções apresentadas durante o outono.

A igreja hoje:

Devido a ação missionária, mais curdos estão se voltando para Cristo no Oriente Médio e no Ocidente. Em sua maioria, esses convertidos participam ou iniciam comunidades evangélicas, mas há convertidos nas igrejas históricas. Porém, o número de muçulmanos que se converteram à fé cristã é ainda minúsculo. Por exemplo, no Iraque, onde existem vários ministérios e, algumas igrejas especialmente voltados para curdos, o número de convertidos dificilmente passa de mil pessoas (cerca de apenas 0,03% da população curda no país).
Para um cristão curdo, o risco de sofrer perseguição depende da sua nacionalidade, tribo e tradições familiares. O governo do Irã e Síria ainda monitora de perto a atividade evangélica e fazem o que podem para coibir seu crescimento. Na Turquia e no Norte do Iraque o governo é bastante secular e não apresenta problema para a igreja. Entretanto, a força da tribo e a tradição são muito fortes e podem proteger ou ameaçar a vida do novo cristão. Como acontece frequentemente em outros casos, no segundo caso, convertidos também se tornam vítimas das “vistas grossas” de autoridades locais.
Apesar de ser uma igreja bastante jovem, a igreja curda chama bastante a atenção de organizações internacionais. O fato de viverem em países que estão constantemente na mídia faz com que muitas pessoas queiram ajudar os nossos irmãos curdos.
Somente existem traduções do evangelho de Lucas e de João, Provérbios e o livro de Jonas e alguns episódios da vida do Senhor Jesus Cristo.

Oremos pelos curdos:

O evangelismo entre os muçulmanos curdos está severamente restrito e há poucos crentes verdadeiros (não se sabe de mais de 50 em todo o mundo); no entanto, as zonas curdas da Turquia têm a mais alta porcentagem de resposta aos cursos bíblicos por correspondência.
Clamemos para que os curdos tenham a liberdade de escutar o evangelho em sua própria língua, e para que haja obreiros que tenham a possibilidade de proclamar as boas novas.


Perfil:
l
Nome do Povo: Curdo (Norte)
País: Iraque
Sua língua: Kurmanji
População: 1.457.000
Maior religião: Islamismo Suni
Cristãos: 0,07%
Escrituras disponíveis em sua Língua: NT
Evangélicos (desse povo no país): 0 (0%)

Seu País:

País: Iraque
População: 22.411.000
Religião principal: Islamismo
Evangélicos no País: 5.900 (0,03%)
Número de igrejas no País: 38
Número de Missionários no País: 20
Liberdade de Pregação: parcial.


Por Valéria de Sá (2008)

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