Os kalenjins, grandes velocistas de maratonas
Falar da tribo kalenjin é nos reportar ao Quênia, país que fica ao leste africano, cujas fronteiras limítrofes são: ao norte a Etiópia; ao nordeste a Somália; ao leste o Oceano Índico; ao sul a Tanzânia; à oeste a Uganda e o lago Victória (lago este de grande importância por fazer fronteira com três países – Quênia, Tanzânia e Uganda); e ao noroeste o Sudão.
Sua capital é Nairóbi (ao centro do país), mas a cidade queniana mais importante é Mombasa (devido ao turismo), localizada no litoral sul. O Quênia possui uma população de 35 milhões de habitantes. Sua população não se distribui uniformemente, mas se concentra entre o sul e o centro do país, sendo o norte a região menos povoada.
Sua geografia física é bem variada, sendo sua divisão muito marcada pela linha do Equador. O relevo acima da linha do Equador tem planícies enquanto que o sul, montanhas, com seu maior pico no monte Kilimanjaro, com 5.895 metros, pico mais alto da África. O clima ao norte, o interior do país, é árido (quente e seco), enquanto que ao sul, região litorânea, é tropical (quente e úmido no verão, frio e úmido nas demais estações do ano).
Sua flora ao norte é de savana (vegetação parecida com a caatinga brasileira), onde se abrigam elefantes, rinocerontes, hipopótamos, girafas, búfalos, antílopes e gazelas, assim como leões, leopardos, hienas e chacais (carnívoros). Ao sul uma selva equatorial, densa, frondosa e exuberante (conhecida como Taita Taveta) que é habitat de inúmeras espécies de aves, símios (chimpanzés e gorilas), répteis, anfíbios e insetos.
Os primeiros homens brancos a chegar às terras quenianas foram os expedicionários alemães (em 1885), mas não tiveram interesses coloniais, o que deu oportunidade à Inglaterra de iniciar sua colonização de exploração em 1890.
Os mais recentes estudos apontam para a África como o berço de todas as civilizações, onde surgiram os primeiros Homo sapiens, sendo que os fósseis mais antigos de Homo habilis e Homo erectus, datadas de 2 milhões e 600 mil anos, foram descobertos na região do lago Turkana, ao norte do Quênia. Logo, cada etnia africana (o que inclui as quenianas) tem uma história milenar, muito mais antiga do que as dos colonizadores europeus, que pouco se importavam para a cultura africana e só estavam interessados na exploração econômica destes povos.
Anterior à colonização branca, as tribos eram agrupamentos populacionais de cultura muito rica, onde os anciãos eram seus líderes naturais, escolhidos por serem os portadores de uma grande sabedoria (inclusive porque a cultura de suas tribos é predominantemente oral, ou seja, como sua história não constava em livros, são os idosos os verdadeiros portadores da história de seu povo), semelhantes às tribos indígenas brasileiras. São mais de 50 tribos presentes no Quênia, divididas entre sete etnias distintas. Nestas tribos, a divisão do trabalho destinava às mulheres a agricultura e a pecuária (apenas para própria subsistência), os afazeres domésticos, o abastecimento de água (juntamente com as crianças) e a culinária. Aos homens cabia unicamente à caça, enquanto que a educação das crianças era responsabilidade dos idosos.
A moeda oficial do Quênia é o Xelim. Para se ter uma noção de valor, um dólar equivale a aproximadamente 75 Xelins.
Os principais produtos agrícolas quenianos são: chá, café, milho, trigo, laranja, banana, abacaxi, abacate, girassol, soja, sisal, algodão, coco, cana-de-açúcar, batata, tomate, cebola, arroz, feijão, mandioca e caju. A pecuária tem como predominante a cultura de bovinos, suínos e caprinos (vacas e porcos), além de piscicultura e avicultura (galinhas, perus, patos, gansos e pavões). Os minerais são: pedra calcária, soda cáustica, ouro, sal e flúor.
A indústria queniana produz plásticos, refino de petróleo, artefatos de madeira, tecidos, cigarros, couro, cimento, metalurgia e comida enlatada. O turismo também rende bons lucros, principalmente Mombasa (litoral) e na savana queniana (interior). A exportação é forte em chá e café, enquanto que importa-se maquinários, alimentos, equipamentos de transporte e petróleo (e seus derivados).
O principal problema econômico do Quênia hoje é o alto índice de desemprego, sendo que metade da população economicamente ativa se encontra desempregada, enquanto que mais da metade dos quenianos desempregados recebe salários baixíssimos (de 80 a 100 dólares, ou cerca de 200 reais). Outro problema sério que o povo queniano sofre é a alta corrupção, sonegação de impostos pela classe economicamente alta (enquanto que os verdadeiros encargos pesam no bolso dos mais pobres, isto é, a maioria do país) e desvio de verbas públicas, principalmente nos investimentos ligados ao transporte e infra-estrutura viária.
A língua oficial do Quênia é o inglês, mas fora das salas de aula, o idioma dominante é o Swahili, uma junção do árabe com a língua dos bantus. O Shahili é tão importante que é utilizado em vários países do leste africano, como Uganda, Tanzânia, norte de Moçambique e sul da Somália (o que facilita inclusive os negócios entre tais países). Por esta abrangência de domínio da língua Swahili, dá para se perceber o quanto que a língua inglesa é uma imposição da cultura branca. Cada tribo tem seu próprio dialeto como característica de uma cultura regional, o que faz do Quênia uma nação com mais de 50 dialetos.
Os jovens do sexo masculino passam por um ritual de aceitação para a fase adulta. Este processo varia de tribo para tribo, mas o caso mais interessante é da tribo Maasai (de etnia kalenjin), uma das mais tradicionais que ainda mantém suas raízes fortemente: o jovem maasai para ser aceito como adulto deve combater um leão até a morte utilizando apenas uma espada, sem qualquer tipo de escudo, muito menos armas de fogo. Já a maioria das tribos, como os kikuyus, por exemplo, utiliza-se de rituais mais simples, como a circuncisão. As garotas também tinham seu processo de iniciação da fase adulta, que consistia na amputação do clitóris para restringir a vontade e o prazer sexual após o casamento, mas hoje em dia está prática está em desuso, devido aos princípios de direitos humanos em questões de gênero serem mais discutidos, mesmo nas tribos mais isoladas.
A religião é tão variada como no Brasil. Nas tribos mais tradicionais, ainda se tem a religião politeísta relacionada com a natureza, isto é, deuses da chuva, da seca, do sol, da água, etc. Por outro lado, a colonização trouxe o cristianismo presente no catolicismo, protestantismo e até o satanismo. O casamento, tanto nas cidades grandes como nas tribos mais remotas, funciona da mesma maneira: é tradicional a poligamia, isto é, um homem pode ter várias esposas, assim como uma mulher pode ter vários maridos. No Quênia, ao se acertar o casamento, o chefe de família – aquele ou aquela que terá vários cônjuges – é quem oferece o dote ao sogro.
Em cada região do interior, cada tribo ensina a suas crianças seu folclore, suas lendas e tradições. Nas escolas das grandes cidades quenianas, como são presentes várias tribos e etnias, não se ensina as peculiaridades de cada uma, mas a cultura do branco britânico (que ficou como herança da colonização). Assim a cultura tradicional vai se perdendo e as futuras gerações vão pouco se importar para a verdadeira história de seu povo.
A culinária é tão rica quanto o folclore, tendo sua variação tão numerosa quanto as tribos. Dependendo dos produtos alimentícios mais representativos de cada região, a alimentação será mais influente, por exemplo, ao norte a caça é mais praticada, assim sua alimentação é rica em carne. Ao sul, por existir uma grande produção de caju, a castanha deste fruto é a base de muitos alimentos. Em grandes cidades, come-se de acordo com o dinheiro que se possui. Como a carne de frango é muito cara, a alimentação mais barata tem por base carne bovina e arroz.
No esporte, com exceção do basquete (praticado não profissionalmente) não existe a tradição de esportes coletivos (como o futebol brasileiro). O Quênia mostra sua força através dos esportes individuais, como o atletismo, onde os kalenjins são grandes representantes, principalmente os velocistas. Exemplos de maratonistas que se destacaram no esporte mundial: Paul Tergat, Kipchoge Keino, Susan Chepkemei (todos de etnia kalenjins) e John Ngugi (de etnia kikuyu). Os quenianos vêem o atletismo como uma forma de “emprego”, vislumbrando um futuro melhor.
Nome oficial: República do Quênia
População: 35.100.000
Capital: Nairóbi
Língua: Swahili e inglês (oficiais), kikuyo, luo
Religião: Cristã – 78,64% (evangélicos – 35,8%; pentecostais – 13,8%). Tradição étnica – 11,50%; Muçulmana – 8,00%; Bahai – 1,10% - Hindu – 0,34%; Jain – 0,20%; não religioso – 0,15%; Sikh – 0,07%. (Operation World)
Índice de pobreza – 50% (2005)
Taxa de alfabetização; 79,3%
Taxa de desemprego: 50% (1998)
Moeda: Xelim queniano
Natureza do Estado: República presidencialista
Missionários no país: 673 de 53 agências em 17 países: Quênia – 608; Tanzânia – 22; Uganda – 21 aproximadamente.
Missionários no país: 2.274 em 175 agências de 30 países: Estados Unidos – 1.332; Reino Unido – 243; Alemanha – 141; Coréia – 117; Canadá – 102. (Operation World).
Por Valéria de Sá (2008).
Falar da tribo kalenjin é nos reportar ao Quênia, país que fica ao leste africano, cujas fronteiras limítrofes são: ao norte a Etiópia; ao nordeste a Somália; ao leste o Oceano Índico; ao sul a Tanzânia; à oeste a Uganda e o lago Victória (lago este de grande importância por fazer fronteira com três países – Quênia, Tanzânia e Uganda); e ao noroeste o Sudão.
Sua capital é Nairóbi (ao centro do país), mas a cidade queniana mais importante é Mombasa (devido ao turismo), localizada no litoral sul. O Quênia possui uma população de 35 milhões de habitantes. Sua população não se distribui uniformemente, mas se concentra entre o sul e o centro do país, sendo o norte a região menos povoada.
Sua geografia física é bem variada, sendo sua divisão muito marcada pela linha do Equador. O relevo acima da linha do Equador tem planícies enquanto que o sul, montanhas, com seu maior pico no monte Kilimanjaro, com 5.895 metros, pico mais alto da África. O clima ao norte, o interior do país, é árido (quente e seco), enquanto que ao sul, região litorânea, é tropical (quente e úmido no verão, frio e úmido nas demais estações do ano).
Sua flora ao norte é de savana (vegetação parecida com a caatinga brasileira), onde se abrigam elefantes, rinocerontes, hipopótamos, girafas, búfalos, antílopes e gazelas, assim como leões, leopardos, hienas e chacais (carnívoros). Ao sul uma selva equatorial, densa, frondosa e exuberante (conhecida como Taita Taveta) que é habitat de inúmeras espécies de aves, símios (chimpanzés e gorilas), répteis, anfíbios e insetos.
Os primeiros homens brancos a chegar às terras quenianas foram os expedicionários alemães (em 1885), mas não tiveram interesses coloniais, o que deu oportunidade à Inglaterra de iniciar sua colonização de exploração em 1890.
Os mais recentes estudos apontam para a África como o berço de todas as civilizações, onde surgiram os primeiros Homo sapiens, sendo que os fósseis mais antigos de Homo habilis e Homo erectus, datadas de 2 milhões e 600 mil anos, foram descobertos na região do lago Turkana, ao norte do Quênia. Logo, cada etnia africana (o que inclui as quenianas) tem uma história milenar, muito mais antiga do que as dos colonizadores europeus, que pouco se importavam para a cultura africana e só estavam interessados na exploração econômica destes povos.
Anterior à colonização branca, as tribos eram agrupamentos populacionais de cultura muito rica, onde os anciãos eram seus líderes naturais, escolhidos por serem os portadores de uma grande sabedoria (inclusive porque a cultura de suas tribos é predominantemente oral, ou seja, como sua história não constava em livros, são os idosos os verdadeiros portadores da história de seu povo), semelhantes às tribos indígenas brasileiras. São mais de 50 tribos presentes no Quênia, divididas entre sete etnias distintas. Nestas tribos, a divisão do trabalho destinava às mulheres a agricultura e a pecuária (apenas para própria subsistência), os afazeres domésticos, o abastecimento de água (juntamente com as crianças) e a culinária. Aos homens cabia unicamente à caça, enquanto que a educação das crianças era responsabilidade dos idosos.
A moeda oficial do Quênia é o Xelim. Para se ter uma noção de valor, um dólar equivale a aproximadamente 75 Xelins.
Os principais produtos agrícolas quenianos são: chá, café, milho, trigo, laranja, banana, abacaxi, abacate, girassol, soja, sisal, algodão, coco, cana-de-açúcar, batata, tomate, cebola, arroz, feijão, mandioca e caju. A pecuária tem como predominante a cultura de bovinos, suínos e caprinos (vacas e porcos), além de piscicultura e avicultura (galinhas, perus, patos, gansos e pavões). Os minerais são: pedra calcária, soda cáustica, ouro, sal e flúor.
A indústria queniana produz plásticos, refino de petróleo, artefatos de madeira, tecidos, cigarros, couro, cimento, metalurgia e comida enlatada. O turismo também rende bons lucros, principalmente Mombasa (litoral) e na savana queniana (interior). A exportação é forte em chá e café, enquanto que importa-se maquinários, alimentos, equipamentos de transporte e petróleo (e seus derivados).
O principal problema econômico do Quênia hoje é o alto índice de desemprego, sendo que metade da população economicamente ativa se encontra desempregada, enquanto que mais da metade dos quenianos desempregados recebe salários baixíssimos (de 80 a 100 dólares, ou cerca de 200 reais). Outro problema sério que o povo queniano sofre é a alta corrupção, sonegação de impostos pela classe economicamente alta (enquanto que os verdadeiros encargos pesam no bolso dos mais pobres, isto é, a maioria do país) e desvio de verbas públicas, principalmente nos investimentos ligados ao transporte e infra-estrutura viária.
A língua oficial do Quênia é o inglês, mas fora das salas de aula, o idioma dominante é o Swahili, uma junção do árabe com a língua dos bantus. O Shahili é tão importante que é utilizado em vários países do leste africano, como Uganda, Tanzânia, norte de Moçambique e sul da Somália (o que facilita inclusive os negócios entre tais países). Por esta abrangência de domínio da língua Swahili, dá para se perceber o quanto que a língua inglesa é uma imposição da cultura branca. Cada tribo tem seu próprio dialeto como característica de uma cultura regional, o que faz do Quênia uma nação com mais de 50 dialetos.
Os jovens do sexo masculino passam por um ritual de aceitação para a fase adulta. Este processo varia de tribo para tribo, mas o caso mais interessante é da tribo Maasai (de etnia kalenjin), uma das mais tradicionais que ainda mantém suas raízes fortemente: o jovem maasai para ser aceito como adulto deve combater um leão até a morte utilizando apenas uma espada, sem qualquer tipo de escudo, muito menos armas de fogo. Já a maioria das tribos, como os kikuyus, por exemplo, utiliza-se de rituais mais simples, como a circuncisão. As garotas também tinham seu processo de iniciação da fase adulta, que consistia na amputação do clitóris para restringir a vontade e o prazer sexual após o casamento, mas hoje em dia está prática está em desuso, devido aos princípios de direitos humanos em questões de gênero serem mais discutidos, mesmo nas tribos mais isoladas.
A religião é tão variada como no Brasil. Nas tribos mais tradicionais, ainda se tem a religião politeísta relacionada com a natureza, isto é, deuses da chuva, da seca, do sol, da água, etc. Por outro lado, a colonização trouxe o cristianismo presente no catolicismo, protestantismo e até o satanismo. O casamento, tanto nas cidades grandes como nas tribos mais remotas, funciona da mesma maneira: é tradicional a poligamia, isto é, um homem pode ter várias esposas, assim como uma mulher pode ter vários maridos. No Quênia, ao se acertar o casamento, o chefe de família – aquele ou aquela que terá vários cônjuges – é quem oferece o dote ao sogro.
Em cada região do interior, cada tribo ensina a suas crianças seu folclore, suas lendas e tradições. Nas escolas das grandes cidades quenianas, como são presentes várias tribos e etnias, não se ensina as peculiaridades de cada uma, mas a cultura do branco britânico (que ficou como herança da colonização). Assim a cultura tradicional vai se perdendo e as futuras gerações vão pouco se importar para a verdadeira história de seu povo.
A culinária é tão rica quanto o folclore, tendo sua variação tão numerosa quanto as tribos. Dependendo dos produtos alimentícios mais representativos de cada região, a alimentação será mais influente, por exemplo, ao norte a caça é mais praticada, assim sua alimentação é rica em carne. Ao sul, por existir uma grande produção de caju, a castanha deste fruto é a base de muitos alimentos. Em grandes cidades, come-se de acordo com o dinheiro que se possui. Como a carne de frango é muito cara, a alimentação mais barata tem por base carne bovina e arroz.
No esporte, com exceção do basquete (praticado não profissionalmente) não existe a tradição de esportes coletivos (como o futebol brasileiro). O Quênia mostra sua força através dos esportes individuais, como o atletismo, onde os kalenjins são grandes representantes, principalmente os velocistas. Exemplos de maratonistas que se destacaram no esporte mundial: Paul Tergat, Kipchoge Keino, Susan Chepkemei (todos de etnia kalenjins) e John Ngugi (de etnia kikuyu). Os quenianos vêem o atletismo como uma forma de “emprego”, vislumbrando um futuro melhor.
Nome oficial: República do Quênia
População: 35.100.000
Capital: Nairóbi
Língua: Swahili e inglês (oficiais), kikuyo, luo
Religião: Cristã – 78,64% (evangélicos – 35,8%; pentecostais – 13,8%). Tradição étnica – 11,50%; Muçulmana – 8,00%; Bahai – 1,10% - Hindu – 0,34%; Jain – 0,20%; não religioso – 0,15%; Sikh – 0,07%. (Operation World)
Índice de pobreza – 50% (2005)
Taxa de alfabetização; 79,3%
Taxa de desemprego: 50% (1998)
Moeda: Xelim queniano
Natureza do Estado: República presidencialista
Missionários no país: 673 de 53 agências em 17 países: Quênia – 608; Tanzânia – 22; Uganda – 21 aproximadamente.
Missionários no país: 2.274 em 175 agências de 30 países: Estados Unidos – 1.332; Reino Unido – 243; Alemanha – 141; Coréia – 117; Canadá – 102. (Operation World).
Por Valéria de Sá (2008).